28.8.11

Cruz das Almas, cidade natal de Jacinta





Jacinta Passos nasceu em 1914 na Fazenda Campo Limpo, município de Cruz das Almas, região do Recôncavo, Estado da Bahia. Poucos anos antes do nascimento de Jacinta, Cruz das Almas tornou-se  vila (1889) e a seguir cidade (1896), sede de município do mesmo nome, separado do município de São Felix. Grandes fábricas de charutos, como a Daneman e a Suerdieck, vieram juntar-se às fábricas caseiras ali existentes, tornando Cruz das Almas um grande centro produtor da matéria-prima e da fabricação de charutos de alta qualidade. O aspecto da cidade, porém, permaneceria acanhado, com aparência rural, por décadas ainda.
As primeiras gerações dos Passos, inclusive a de Jacinta, constituídas por grande número de políticos, foram fortemente influenciadas pelos laços com Cruz das Almas, berço da sua gente, da sua projeção política, proventos, mentalidade e sensibilidade. A cidade natal e sua gente aparecem em vários poemas de Jacinta Passos.

* Fotos antigas da cidade cedidas por Lita Passos,

16.8.11

A casa da fazenda Campo Limpo


Esta foto é da Fazenda Campo Limpo, município de Cruz das Almas, Bahia, onde Jacinta Passos nasceu.  A foto foi tirada de dentro da sala da casa principal, construída em 1865, onde moraram bisavós, avós e pais de Jacinta, e onde ela nasceu e viveu até os 12 anos de idade. As vivências da infância são marcantes na obra de Jacinta.

*Foto de Luiz Carlos Figueiredo, 2004.

9.8.11


1935



Tenso como rede de nervos
pressentindo ah! novembro

de esperança e precipício.

Fruto peco.

Novembro de sangue e de heróis.

Grito de assombro morto na garganta,
soluço seco dor sem nome. Ferido.
De morte ferido. Como um animal ferido. Luta
de entranhas e dentes. Natal.

Sangue. Praia Vermelha.
Sangue.
Sangue. É quase um fio
escorrendo
e sangrento
tenaz
por dentro dos cárceres,
nas ilhas
e nos corações que a esperança guardaram.
Jacinta Passos

Este poema foi publicado no terceiro livro de Jacinta, Poemas Politicos, editado em 1951.
            1935 foi o ano de uma rebelião militar liderada pelos comunistas brasileiros. Planejada para explodir em todo o Brasil em novembro de 1935 e tomar o poder, eclodiu apenas, e de forma muito tímida, em Natal, Recife e Rio de Janeiro, sendo rapidamente esmagada. Seus líderes, inclusive Luiz Carlos Prestes, foram presos.
          Muitos leitores de hoje leram este poema sem conhecer a revolta de 35, e gostaram dele assim mesmo. Isso me parece demonstrar como Jacinta Passos, quando tratava de temas politicos, fazia boa poesia, nao panfleto.

*Imagem - Quadro de Candido Portinari.